quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Sociedade do Espetáculo de Guy Debord




A sociedade do espetáculo, Guy Debord (1931-1994), em particular os seus conceitos de cultura como lugar de unificação da unidade perdida na sociedade capitalista, onde segundo o autor, a vida real é pobre e fragmentária, e o espetáculo é a aparência que pretende conferir integridade e sentido ao mundo dividido. O capitalismo dividiu a sociedade em classes, e quer unificar através do espetáculo.

Mas ele também deixou claro que é impossível a separação entre essas relações sociais e as relações de produção e consumo de mercadorias. A sociedade do espetáculo corresponde a uma fase específica da sociedade capitalista, quando há uma interdependência entre o processo de acúmulo de capital e o processo de acúmulo de imagens. O papel desempenhado pelo marketing, sua onipresença, ilustra perfeitamente bem o que Debord quis dizer: das relações interpessoais à política, passando pelas manifestações religiosas, tudo está mercantilizado e envolvido por imagens.

Mas, se a sociedade do espetáculo só pode ser compreendida dentro do contexto da sociedade capitalista, isso não quer dizer que só nessa forma de vida social ocorre a produção de espetáculos. A produção de imagens, a valorização da dimensão visual da comunicação, como instrumento de exercício do poder, de dominação social, existe, conforme argumenta Debord no livro Sociedade do Espetáculo, publicado em 1967, em todas as sociedades onde há classes sociais, isto é, onde a desigualdade social está presente graças à divisão social do trabalho, principalmente a divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual.

Sociedade do espetáculo e capitalismo

A própria expressão “sociedade do espetáculo” pode dar margem a interpretações equivocadas, se for entendida como o poder que as imagens exercem na sociedade contemporânea. É certo que Guy Debord, o criador do conceito de “sociedade do espetáculo”, definiu o espetáculo como o conjunto das relações sociais mediadas pelas imagens

Guy Debord é responsável pela difusão da teoria crítica acerca da sociedade do espetáculo. Obviamente, a designação da sociedade do século XX como “espetacular” não foi privilégio ou invenção do autor francês. Considerar a sociedade espetacular tornou-se comum após o advento e a popularização das máquinas que captavam e, posteriormente, projetavam imagens.

A questão da economia imaterial é fundamental para entender os conceitos abordados pelo autor. O ritmo frenético das cidades alterou de fato a percepção cotidiana das pessoas. Quanto menos as pessoas vivem as experiências que elas anseiam mais elas tendem a consumir espetáculos.

É o modelo atual da vida que domina na sociedad, também retrata a inexistência do dinheiro físico que hoje ainda temos.

O consumidor real torna-se um consumidor de ilusões") é mais que confirmada nos anos posteriores. A consequência disso é a futilização que domina a sociedade de consumidores. A multiplicação das ofertas de produtos e serviços gera uma falsa sensação de liberdade de escolha, pois as trocas existentes entre dinheiro (do consumidor) e produtos e serviços (dos fornecedores) é feita segundo a imposição do modelo de produção capitalista e segundo os interesses dos produtores e do sistema econômico subjacente, que se encarrega de oferecer crédito para aqueles que, por ventura, não tenham dinheiro para adquirir os bens. Não se trata, pois, de liberdade de escolha, mas de necessidade de aquisição, num processo de representação de uma vida encenada para o consumo e pelo consumo.

No espetáculo já não predominaria simplesmente a produção mercantil, mas a imagem. A separação, ou alienação do trabalho, consumada no âmbito da produção capitalista retornaria como falsa unidade no plano da imagem.


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